O crescimento de um negócio tem por base a análise das seguintes métricas:
- vendas;
- notoriedade;
- expansão.
Mas há outro lado quando falamos em crescimento sustentável — que está na forma como a empresa se estrutura e define a sua estratégia.
Ao longo dos últimos 20 anos, acompanhei centenas de empresários e gestores com um desafio comum: estavam a crescer, mas sentiam que estavam a perder o controlo. Essa sensação não vem da falta de vontade ou competência — vem da ausência de alinhamento interno. E é aí que entram os quatro pilares que considero essenciais para qualquer organização, independentemente do sector de actividade ou da sua dimensão.
Pilar financeiro
Falar de gestão financeira é falar de clareza. Não basta saber se há lucro — é preciso entender o porquê, com que consistência e com que impacto nos meses seguintes. Muitos líderes tomam decisões com base na intuição, sem números e dados financeiros que sustentem as suas decisões. Ter acesso a informação actualizada e projecções baseadas em dados concretos permite não só saber como reagir a desafios mas sobretudo antecipá-los. E antecipar é um acto essencial para uma boa liderança.
Pilar clientes e comercial
Hoje, compreender o comportamento do cliente é mais complexo — e mais importante — do que nunca. Os hábitos mudam, as exigências evoluem e a tolerância ao erro é cada vez menor. As empresas que mantêm proximidade com os seus clientes, que escutam activamente e ajustam propostas de valor, são as que constroem relações duradouras. Neste pilar, o ponto que trabalho mais não é vender mais — é criar confiança suficiente para que o cliente queira voltar e seja um embaixador da nossa marca.
Pilar processos
Crescer não pode ser sinónimo de sobrecarregar. Quando as equipas não têm clareza sobre o que se espera delas, a consequência é a desorganização, não o progresso. Estruturar funções, definir processos e dar autonomia não pode ser negociável nos negócios — é uma necessidade de todos os CEO que querem garantir consistência e resultados, mesmo em contextos de mudança. Um negócio só é sustentável quando o conhecimento não está todo concentrado numa única pessoa.
Pilar liderança e equipas
Por fim, há a capacidade de evoluir. Organizações que aprendem com o que corre bem — e também com o que falha — ganham vantagem competitiva. A inovação não precisa de ser revolucionária. Muitas vezes, está em pequenos ajustes que melhoram a experiência do colaborador, reduzem erros ou tornam o trabalho mais eficaz e produtivo. O importante é criar uma cultura onde a melhoria contínua seja um processo natural, e não um projecto pontual.
Estes quatro pilares não funcionam de forma isolada. Um desequilíbrio num afecta os restantes. E o verdadeiro desafio da liderança está aqui: conseguir manter o sistema alinhado, com uma visão integrada e com foco no que realmente importa. Porque negócios saudáveis por dentro são os únicos com capacidade real de crescer por fora — e de o fazer de forma sustentável.
Artigo publicado originalmente na revista Human Resources Portugal: https://hrportugal.sapo.pt/a-sustentabilidade-no-mundo-dos-negocios/